domingo, 6 de dezembro de 2009

VIVA ZUMBI DOS PALMARES – VIVA O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Há 307 anos, o líder Zumbi do quilombo dos Palmares morria, dias depois de uma investida de nove mil homens comandados por Domingos Jorge Velho(bandeirante) ter atacado o lugar. Eles foram enviados com o único intuito de destruir o reduto não só de negros, mas também de índios e brancos pobres que, desde o seu surgimento em 1596, ousava ser autônomo e existir quase como um Estado livre e autônomo em pleno Brasil colonial das capitanias hereditárias. Zumbi morreu mais especificamente no dia 20 de novembro de 1695, traído por um de seus comandados, após ter conseguido se refugiar e escapar às tropas de Domingos Jorge Velho.

Ele entrava na História para, aproximadamente três séculos depois, o dia de sua morte ser resgatado pelo movimento negro e considerado - pelo exemplo de orgulho e força negra que Zumbi protagonizou - a data mais adequada para celebrar a consciência de pertencer a esta raça.

Embora o censo de 2000 mostre números indicando que a população negra ou parda é de pouco mais de 76 milhões dentre os quase 179 milhões do total da população, sabemos, pelo que vemos nas ruas e no dia-a-dia, que existem muito mais do que isso. Negra. Pela falta de valorização sistemática e histórica, grande parte da população afro-brasileira não enxerga com freqüência sua riqueza criativa, estética e intelectual. Daí a necessidade ainda mais clara de se celebrar a consciência negra.

Mas que consciência é essa? Como a população afro-descendente se vê, se pensa e constrói a consciência sobre si própria? Quais são as ferramentas e estratégias usadas pelas organizações que trabalham pela afirmação do orgulho negro?

Em termos gerais, as pessoas que militam nesta área concordam que as medidas de açães afirmativas são o principal instrumento de luta, para a população negra se afirmar e garantir seus direitos. Isso inclui práticas como a reserva de cotas na educação superior, nas manifestações da indústria cultural, no mercado de trabalho etc. A insistência nessa tecla das políticas de cotas é, segundo a maioria dos integrantes de instituição do Movimento Negro, um dos únicos modos vistos como eficientes. Como nós do define Ivanir dos Santos, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), "elas são um mal necessário, pois, ao mesmo tempo em que expõem a vergonha social do país, obrigam a sociedade a separar um espaço específico para o negro".

Porém, não se pode e não se deve resumir a afirmação da população afro-brasileira a cotas. Ela passa por muitos outros fatores e por processos situados muito mais nas pessoas e na conscientização individual do que em órgãos públicos ou instituições de ensino. Ivan Costa Lima, do catarinense Núcleo de Estudos Negros (NEN), resume o que envolve o processo de formação da consciência negra: "Só a política de cotas não dá conta. É necessário atacar outras frentes, desconstruir esse processo histórico, mostrar que a democracia racial não existe, recuperar a trajetória do negro e contar a História do modo certo."

Educar para uma consciência negra, no entanto, não quer dizer só mudar os livros escolares. Significa formar o pensamento da população brasileira, cuja imensa maioria usa a mídia televisiva como principal fonte de informação. Levando isto em conta, a maior presença do negro na TV é também uma forma de formar consciências. De acordo com D'Adesky, que também faz parte do Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), "de três anos para cá houve uma mudança, com maior presença de atores negros na propaganda. É um processo lento, ainda precisa haver mais participação de negros e negras em novelas, séries e outras produções televisivas, em papes de destaque".

Outra área – aliás, extremamente ligada à Educação - fundamental para a persistência do orgulho de ser negro é a Cultura. Tradicionalmente, as manifestações culturais negras têm sido o que mantém acesa a chama da identidade da raça negra. São elas talvez as principais responsáveis por manter essa essência, passando de gerações a gerações, não permitindo que caísse no esquecimento ou que fosse totalmente atropelada pela cultura pasteurizada ocidental. Um exemplo claro é o do Grupo Cultural Jongo da Serrinha (GCJS). A organização foi fundada há aproximadamente cinco anos,na Serrinha, em Madureira-RJ, porém nasceu de um movimento que já tinha 35 anos no local: o ensino do congo, dança criada e praticada pelos escravos, para crianças e adolescentes.

A afirmação negra e o exercício da cidadania, no entanto, também estão muito ligados à garantia e cobrança de direitos. Para isso, existem organizações como o Ceap e a Criola, o MNU, que lutam pela formulação de políticas públicas e para dar visibilidade às demandas dos indíviduos da raça negra. O programa jurídico do Ceap-RJ, dá orientações legais a vítimas de preconceito racial e tem atendido cada vez mais gente. No Brasil temos a SUPPIR que é a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, no Governo de Goiás contamos com a SEMHIRA – Secretaria da Mulher e da Promoção da Igualdade Racial, em nossa cidade temos o Movimento Afro de Senador Canedo e ainda a Comissão Permanente de Promoção da Igualdade, o FORSEC. E nós população negras devemos cobrar mais das autoridades locais, ações e políticas que promovam a igualdade, ao invés desta segregação, cultural, econômica e social, explicita neste nosso município.
Fonte: Leia mais sobre o Quilombo dos Palmares e seu grande líder Zumbi.
http://members.nbci.com/parise/zum
Carmelita Gomes - carmelagomes@gmail.com
Senador Canedo - Goiás

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